Parte 1/4
Pensar dentro da caixa
O contexto
Verificando a evolução do Power BI (PBI) desde 2015 , um dos pontos com maior notoriedade é a quantidade de visualizações personalizadas que foram criadas ao longo dos anos e que permitem uma variedade de soluções para todos os tipos de problemas.
Realizando uma simples pesquisa na “loja” da Microsoft encontramos desde a simples formatação de tabelas até a análise neuronal, existe também o projecto Charticulator que para criar visualizações personalizadas sem escrever uma linha de código e o uso de R Script para fazermos as nossas soluções dentro da versão Desktop.
Sendo a importação de visuais da loja um processo muito simples e assim conseguir obter excelentes resultados existem algumas limitações na utilização de visualizações personalizadas.
- As visualizações são adicionadas a um relatório especifico quando importadas não podendo ser replicadas sem novo download noutro relatório;
- Actualizações não são automáticas (novas versões na loja obrigam a novo download);
- Possibilidade de incompatibilidade com novas versões do PBI;
- Carregamento demorado (nalguns modelos de dados);
- …
A história
Estas limitações foram evidentes aquando da minha interacção com um colega dos Estados Unidos. Na altura (2016) estávamos a dar os primeiros passos na utilização da ferramenta dentro da empresa e fui contactado para rever um relatório que tinha um tempo de carregamento extremamente elevado para a informação em causa.
O relatório era composto por:
- Informação mensal dos últimos 4 anos (400 células de informação)
- 5 Inputs para cálculo de medidas (Mensais, trimestrais, anuais, …)
Ao analisar o modelo não consegui identificar qualquer razão para que a mudança de uma análise temporal mensal para anual demorasse 5 minutos (tempo verificado com recurso a um relógio) a actualizar a informação nos 10 cartões disponíveis para o utilizador, no entanto, era isso que acontecia. Tendo perdido algum tempo a verificar os dados e as ligações das tabelas também não encontrei qualquer motivo que pudesse causar um carregamento tão lento sendo as visualizações apenas cartões, algumas caixas de textos, filtros (slicers) e o logótipo da empresa.
No decorrer do processo verifiquei que apesar dos cartões terem o aspecto dos cartões padrão do PBI (sem cor ou itens especiais) o relatório tinha sido criado com a visualização Card with States by OKViz.
Trata-se de um visual fenomenal, e se nos reportarmos a 2016 cumpria todos os requisitos de uma visualização rápida e atractiva. Nessa altura ainda não estavam disponíveis a alteração dos formatos de letra, formatação condicional de cores ou agrupar visuais.
No entanto para o caso especifico a sua utilização não cumpria o total potencial da visualização, não foram utilizadas quaisquer cores (excepto preto e branco), não existiam linhas de tendência e apenas parecia o cartão disponibilizado pela Microsoft como padrão. Decidimos então substituir todos as visualizações pela visualização padrão nesse mesmo momento o que demorava 5 minutos passou para cerca de 2 a 5 segundos.
A limitação das visualizações personalizadas tornou-se evidente para mim.
Embora estas limitações existam, também reconheço que existem visualizações que não podem ser feitas sem recorrermos a visualizações personalizadas (sejam elas feitas por outras pessoas ou através do uso de R script).
Algumas semanas depois comecei a lembrar-me de um blog que tinha lido (peço desculpa por não me recordar do link) e especialmente de uma frase que ficou guardada num cantinho da minha memória e que costumo relembrar quando crio relatórios. Parafraseando (livremente) seria algo do género:
Tudo o que se faz com uma visualização personalizadas pode-se fazer com um visual padrão
Embora esta afirmação não seja totalmente verdadeira (exemplos: Infographic Designer or Synoptic Panel by OKViz – um dos meus favoritos), pela experiência com o PBI sei que os visuais padrão permitem muitas personalizações, no entanto algumas necessitam pensamento creativo e/ou transformação dos dados ou utilização de medidas/colunas em DAX.
Desde 2019 com as alterações de configurações dos visuais padrão (cores, títulos dinâmicos) e introdução de novos visuais padrão (Q&A, Decomposition Tree e Key Influencers algumas destas personalizações são mais simples de realizar dependendo do resultado que se pretende.
O processo
Estando na comunidade do PBI quase desde o primeiro dia encontrei questões recorrentes sobre formas de representar visualmente dados que não tinham visualização padrão e comecei a ver respostas frequentes na comunidade do PBI (algumas até por mim) para que as pessoas verificassem a galeria das visualizações personalizadas. Relembrando a frase referida anteriormente comecei a pensar nalguns pedidos mais recorrentes qual o processo necessário para utilizar visualizações padrão.
Nos próximos posts vou explicar o processo para conseguir obter 3 visualizações personalizadas sem fazer download ou programação.
- Gráfico Gauge rotativo (peço desculpa mas em português ficaria gráfico medidor não seria o melhor dos títulos)
- Tacómetro (Tachometer)
- Gráfico de Gantt
Obrigado pela vossa atenção e fiquem atentos aos próximos posts para saberem como criar estes gráficos e verifiquem o relatório na comunidade do PBI.